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Política

Como a terceira via do Centrão pode atrapalhar o projeto da direita conservadora

O Centrão tenta lançar um nome que transite com mais facilidade pelo espectro político.

O avanço de uma possível terceira via articulada por partidos do Centrão tem sido observado por alguns analistas como um movimento estratégico que visa enfraquecer o projeto conservador que ganhou força durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Federações partidárias, articulações entre governadores fomentadas pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e a busca por uma candidatura alternativa a Bolsonaro são os principais instrumentos utilizados para minar a consolidação de um nome identificado com a pauta de costumes. Com pelo menos cinco governadores cotados para disputar a Presidência, o Centrão tenta lançar um nome que transite com mais facilidade pelo espectro político, evitando o alinhamento com a direita conservadora.

A tentativa é deixar temas caros à oposição para um segundo plano, priorizando discussões econômicas e institucionais. Uma estratégia para desidratar o discurso conservador sem antagonizar o eleitorado de direita. Essa movimentação acontece mesmo com figuras como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil) associados à direita.

Temer articula uma aliança entre governadores em torno de uma candidatura de centro, contudo, aliados de Bolsonaro viram na movimentação a tentativa de impor um nome descolado de Bolsonaro e possivelmente apoiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes.

Com o “Movimento Brasil”, Temer tenta ainda unir forças de centro-direita contra Lula e reduzir a dependência da política nacional da polarização entre esquerda e direita. Porém, o calendário eleitoral, a inelegibilidade de Bolsonaro e a falta de unidade na direita tornam esse objetivo mais difícil, ainda mais quando líderes conservadoras preferem aguardar a definição do ex-presidente sobre os próximos os.

Jair Bolsonaro comentou a tentativa de articulação de Temer em uma entrevista ao portal UOL na quarta-feira (14), onde disse que o ex-presidente tem todo o direito de propor alternativas, mas sugeriu que os governadores presidenciáveis sondados por Temer deveriam perguntar por que ele - Bolsonaro - segue inelegível até 2030.

Ele também ressaltou que mesmo inelegível, deseja continuar como liderança central na definição da candidatura de direita, sinalizando que Tarcísio deve seguir em São Paulo e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como possível alternativa, visto que ela seria bem colocada em pesquisas, emergindo como opção devido ao forte apelo junto a mulheres e evangélicos e pelo legado em trabalhos sociais. O pastor Silas Malafaia mandou um recado a Temer nas redes sociais, no qual disse “Se existe articulação para um candidato da direita, caso o vergonhoso impedimento de Bolsonaro persista, o senhor (Temer) se esqueceu da mais bem avaliada nas pesquisas depois de Bolsonaro: Michelle!”. Senadores como Ciro Nogueira (PP-PI) e Rogério Marinho (PL-RN) já são mencionados como eventuais vices numa chapa encabeçada por Michelle.

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