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Maquiavel: o cara que falou a real sobre política

Ele foi um dos primeiros a ter coragem de dizer que política e moral são coisas bem diferentes.

Quando a gente ouve a palavra “maquiavélico”, já pensa em coisa ruim: traição, maldade, jogo sujo. Mas será que Maquiavel era mesmo esse vilão todo? Se a gente parar pra ler O Príncipe, vai ver que a história é bem diferente. Na real, ele foi um dos primeiros a ter coragem de dizer que política e moral são coisas bem diferentes — e que quem manda precisa entender isso se quiser continuar no poder.

Maquiavel viveu na Itália do século XVI, uma época de guerras, traições e instabilidade total. O país era dividido em vários pequenos reinos e cidades que brigavam entre si o tempo todo. Nesse cenário, ele escreve um livro direto pro governante: um manual de como manter o poder, com base na realidade — não na teoria bonitinha.

O que ele diz ali incomoda, mas faz sentido: um bom líder nem sempre pode ser bonzinho. Às vezes, precisa jogar duro. Precisa mentir, ser cruel, tomar decisões impopulares. E tudo bem, desde que seja pra garantir a estabilidade do Estado e o bem coletivo. O príncipe ideal, pra Maquiavel, não é o mais justo, mas o mais eficaz.

Tem uma ideia central no livro que resume tudo: se for pra escolher, é melhor ser temido do que amado. Porque o amor das pessoas é instável, muda com o tempo. Já o medo é mais seguro. Isso não quer dizer que o governante deva ser um tirano maluco — mas sim que ele precisa impor respeito. Na dúvida, é melhor evitar ser ado pra trás.

Outra sacada genial é a tal da virtù. Não é virtude no sentido religioso. É habilidade política. É ter visão, coragem, malandragem, saber o momento certo de agir. E tem também a fortuna, que seria a sorte, o acaso. Pra Maquiavel, o líder de verdade é aquele que não depende da sorte: ele age antes, se prepara, constrói seu caminho.

A galera costuma resumir Maquiavel com a frase “os fins justificam os meios”. Ele nunca escreveu isso exatamente, mas a ideia é essa mesmo: se o resultado for bom pro Estado, os meios usados pra chegar lá podem ser aceitos. Pra muita gente, isso soa frio e calculista. Mas talvez ele só estivesse dizendo aquilo que todo mundo pensa e poucos têm coragem de falar.

No fim das contas, Maquiavel não tava ensinando ninguém a ser mau. Ele só abriu os olhos dos governantes (e dos cidadãos) pra realidade crua da política. Ele entendeu que a vida pública nem sempre permite decisões puras e éticas — e que, às vezes, é preciso escolher o menos pior pra evitar o caos.

Hoje, com redes sociais, campanhas lindas e promessas emocionantes, muita gente ainda finge que política é só boa intenção. Maquiavel vem e lembra: política é disputa, estratégia e poder. Pode até doer ouvir isso, mas é melhor saber a verdade do que viver de ilusão.

José Trabulo Júnior - Publicitário, criador da X Conexões  Estratégicas

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*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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