Carolina Matta
O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) criticou a decisão da juíza Karen Rick Bertoncello, da 13ª Vara Cível de Porto Alegre, que condenou a jornalista Rosane de Oliveira e o jornal Zero Hora, do Grupo RBS, a indenizar a desembargadora Iris Medeiros Nogueira em R$ 600 mil por danos morais, após publicação sobre o salário da magistrada. Em sessão da Câmara nesta quinta-feira (22), o parlamentar defendeu a liberdade de imprensa e prestou solidariedade à jornalista e ao meio de comunicação.
“Quero aqui expressar a minha solidariedade ao Grupo RBS e a jornalista Rosane de Oliveira. Podemos às vezes discordar, e bastante, mas precisamos estar juntos na batalha pela liberdade de imprensa, da liberdade de expressão, de opinião e contra qualquer tipo de censura, abuso e arbítrio”, pronunciou Marcel van Hattem.
Em 2023, a colunista de política do Zero Hora veiculou um ranking dos maiores salários do Judiciário do Rio Grande do Sul. No topo da lista apareceu a desembargadora Iris Medeiros, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, com R$ 662.389,16 (seiscentos e sessenta e dois mil, trezentos e oitenta e nove reais e dezesseis centavos) de vencimento, valor que na época era considerado 16 vezes maior do teto constitucional.
Os dados foram obtidos através da Lei de o à Informação, mas mesmo assim, a reportagem foi alvo de denúncia da desembargadora. O fato gerou críticas do deputado, especialmente em relação aos “privilégios” recebidos pela magistrada, que ficou “ofendida” com a publicação. “Senhora desembargadora a senhora não tem direito de ficar ofendida, aliás, ofendidos ficamos nós pagadores de impostos ao vermos esses valores vergonhosos. Nós que amos vergonha. Quem tem que ganhar, aliás, indenização por danos morais é a população brasileira que se desmoraliza diante desse Judiciário”, afirmou o parlamentar.
Para Van Hattem, mesmo divergindo de ideais defendidos pela jornalista, mas defendeu o livre exercício de sua profissão. “Rosane de Oliveira é uma jornalista com a qual muitas vezes eu discordo e ela critica, e ela precisa criticar, essa é a função do jornalismo. Discordo de muitas das suas críticas e muitas delas, inclusive, considero injustas. Outras vezes faz matérias com as quais eu concordo. Esse é o jornalismo, senhor presidente. Agora, não podemos mais normalizar, como Câmara dos Deputados essa situação. [...] A censura não pode ser tolerável a ninguém”, finalizou o deputado.
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