Em entrevista à revista The New Yorker, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar abertamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Partido Republicano. A conversa foi conduzida pelo jornalista Jon Lee Anderson e abordou temas como democracia, globalização e mudanças climáticas.
Lula reforçou sua defesa pelo diálogo internacional como caminho para enfrentar os grandes desafios da atualidade, como a crise climática e a desigualdade global. Segundo ele, ainda falta consciência por parte das principais lideranças mundiais sobre a necessidade de uma governança global mais sólida e coordenada. “Ainda não chegou aos líderes mais importantes do mundo que precisamos de governança global para tomar algumas decisões globais”, afirmou.

Ao comentar sobre o cenário geopolítico atual, Lula também teceu críticas indiretas à postura protecionista adotada por Donald Trump durante seu governo, principalmente no que diz respeito ao comércio internacional e à relação com a China. Em tom irônico, o presidente brasileiro relembrou os discursos pró-globalização dos anos 1980. “Sou de uma geração que aprendeu com Reagan e Margaret Thatcher que o melhor para o mundo era a globalização e o livre comércio. Os produtos e o dinheiro deveriam circular livremente pelo mundo”, afirmou.
A crítica mais contundente veio ao comentar um recente discurso de Trump no Congresso dos Estados Unidos. Para Lula, o conteúdo era raso e alarmista, mas, ainda assim, aplaudido pelos republicanos. “Vi um discurso dele recentemente e foi absurdo — aqueles republicanos aplaudindo qualquer bobagem que ele dissesse. Parecia algo saído dos anarquistas do início do século, na Itália e no Brasil, que defendiam uma sociedade sem instituições, onde o capital reina absoluto”, disse.
A fala de Lula reforça o tom crítico que tem adotado em relação à extrema direita internacional, ao mesmo tempo em que reafirma seu compromisso com o multilateralismo e com a cooperação entre as nações para enfrentar os desafios comuns da humanidade.
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