Advogado é indiciado por atropelar e matar duas pessoas na BR 316 em Picos; vídeo

A Polícia Civil do Piauí (PC-PI) indiciou o advogado Francisco Cleyton Figueredo Sousa pelo crime de homicídio culposo, por matar dois homens em um acidente de trânsito ocorrido em 06 de novembro de 2024 na BR 316, bairro Altamira, em Picos. O inquérito foi concluído nessa segunda-feira (26) pelo delegado Alexandre de Alcântara Aguiar Coelho, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Picos, que culminou com o indiciamento do advogado.

Ao longo do procedimento, a autoridade policial colheu materiais que comprovaram a autoria e materialidade do delito. Um desses elementos foi a gravação de uma câmera de segurança próxima ao local do ocorrido, que registrou o momento em que o carro conduzido por Francisco Cleyton, um Fiat Argo, colide contra uma motocicleta com dois ocupantes – Leodney Silva Melo, o condutor, e o ageiro Joaquim de Moura Cavalcante.

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Nas imagens, é possível ver que o carro trafega normalmente pela rodovia, quando se desloca para o acostamento e fica parado, esperando a agem dos outros veículos para realizar a manobra de retorno, e pegar a pista do sentido oposto. Entretanto, instantes depois que o motorista faz a conversão, invadiu a faixa onde a motocicleta, provocando a colisão.

Com o impacto da batida, os dois ocupantes do veículo foram lançados ao ar, e em seguida arremessados ao chão. Após o ocorrido, o advogado ainda permaneceu no local e acionou equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que socorreu as vítimas e as encaminhou ao Hospital Regional Justino Luz, onde faleceram.

Laudo da PRF

Segundo laudo da Polícia Rodoviária Federal no Piauí (PRF-PI) apontou que o acidente foi causado devido a manobra inesperada do motorista do Fiat Argo, e teve como fator determinando do evento a conversão realizada pelo condutor. Na ocasião, Francisco Cleyton foi submetido a teste de alcoolemia, que atestou negativo para a ingestão de álcool.

Foto: Reprodução

Advogado Francisco Cleyton atropelou e matou dois motociclistas em Picos

Laudos necroscópicos

O laudo de exame pericial realizado em Joaquim de Moura Cavalcante, de 60 anos, ageiro da motocicleta, constatou a presença de diversas fraturas no corpo, em decorrência do acidente. Nesse caso, a fratura da calota craniana — ou seja, a quebra de um dos ossos que compõem a parte superior do crânio — ocasionou a morte por hipertensão craniana.

Do mesmo modo, no laudo do condutor da motocicleta, Leodney Silva Melo, de 40 anos, também foram observadas diversas fraturas por ação contundente, ocasionando a morte por choque hipovolêmico com componente obstrutivo.

Perícia no veículo

O acidente resultou na perda total do veículo do advogado, que foi submetido à perícia a pedido da autoridade policial, principalmente para verificar os danos e o funcionamento do carro. Conforme o perito, não foram constatados sinais ou elementos de adaptação, tecnologia ou mecanismos específicos que promovam a funcionalidade relacionada à condução do automóvel por pessoas com deficiência ou condutores que possuam restrições na carteira de habilitação.

Foto: Reprodução

Carro do veículo sofreu perda total

Mesmo assim, as funcionalidades e ferramentas convencionais não foram descartadas para promoção da autonomia, independência e qualidade de vida e inclusão social dependendo do grau e da deficiência do motorista.

Depoimento do advogado

Interrogado pela autoridade policial, o advogado afirmou que estava dirigindo com destino à Penitenciária José de Deus Barros, em Picos, onde iria pegar a de um preso em uma procuração. Além disso, Francisco Cleyton relatou que não observou a aproximação dos dois motociclistas quando fez a manobra de conversão, mas que quando os avistou, já não tinha mais tempo de reagir e evitar a colisão entre os veículos.

“Que, o interrogado aduz que ao se aproximar do destino lembrou-se de que esqueceu de ter impresso a procuração e então decidiu retornar ao bairro Centro quando aconteceu o sinistro; Que, sob pergunta, o interrogado afirma que o acidente ocorreu no momento em que manobrou o carro no ‘balão’ da Distribuidora da Moto Moura, ressalvando que fez a manobra de conversão e aguardou a agem do fluxo de veículos para entrar na pista de rolamento com segurança e ao acelerar para entrar na via pública não viu em absoluto nenhum veículo, mas tão logo subiu viu a aproximação repentina de uma motocicleta com dois ocupantes não sendo possível desfazer o giro e evitar o choque”, diz trecho do depoimento.

Conclusão

De forma suscinta, com o reconhecimento da condução do veículo Fiat Argo por parte do advogado Francisco Cleyton, as imagens de videomonitoramento e os laudos periciais, o delegado Alexandre de Alcântara opinou pela classificação do homicídio culposo, caracterizado pela imprudência na realização da manobra de retorno.

Com o fim do trabalho da Polícia Judiciária, os altos foram encaminhados ao Poder Judiciário, e aguardam manifestação do Ministério Público do Piauí.

Outro lado

Procuado pelo GP1, o advogado afirmou que no momento não deseja se manifestar sobre o caso. O espaço segue aberto para esclarecimentos.