A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (7) o uso da tirzepatida, substância presente no medicamento Mounjaro, para o tratamento da obesidade no Brasil. Até então, sua prescrição para esse fim era considerada off label - ou seja, fora da indicação aprovada em bula. O remédio, que já era autorizado para tratar o diabetes tipo 2, começou a ser comercializado no país em 15 de maio.
Com a nova indicação, o Mounjaro poderá ser prescrito a adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou a pessoas com IMC a partir de 27 que apresentem comorbidades como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes. A decisão marca uma nova fase no enfrentamento da obesidade no país, condição que afeta mais de 6 milhões de brasileiros, segundo o IBGE.
Novo patamar no combate à obesidade
Segundo Luiz André Magno, diretor médico sênior da farmacêutica Eli Lilly no Brasil, a aprovação veio em etapas: primeiro os estudos voltados ao diabetes e, depois, as evidências específicas para obesidade, com resultados considerados robustos.
Fábio Trujilho, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), comemorou a decisão. “Estamos falando de uma droga de maior potência em termos de perda de peso, com excelente segurança e que também contribui para melhora de outras comorbidades, como diabetes e apneia do sono”, afirmou.
Ele também ressaltou que a inclusão oficial da obesidade na bula facilita o o ao tratamento, já que hospitais e planos de saúde am a ter respaldo para reembolsos ou cobertura parcial dos custos.
Como funciona o Mounjaro
De aplicação injetável semanal, o Mounjaro é um “duplo agonista”, ou seja, age em dois hormônios intestinais: GLP-1 e GIP. Isso o diferencia de medicamentos como Ozempic e Wegovy, que atuam apenas sobre o GLP-1. O resultado é uma atuação mais potente sobre o controle da saciedade e dos níveis de glicose.
Em estudos clínicos conduzidos pela Eli Lilly, a tirzepatida demonstrou maior eficácia do que a semaglutida. Após 72 semanas de uso, os participantes que utilizaram o Mounjaro perderam em média 22,8 kg — o equivalente a 20,2% do peso corporal. Já o grupo tratado com Wegovy teve perda média de 15 kg (13,7%). A redução da circunferência abdominal também foi superior com o Mounjaro: 18,4 cm contra 13 cm.
A dose inicial recomendada é de 2,5 mg, com aumentos graduais até o máximo de 15 mg, sempre com acompanhamento médico. Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, hipoglicemia e desconfortos gastrointestinais.
Preço e o
O Mounjaro chegou ao Brasil com dois regimes de preços. No programa de fidelidade “Lilly Melhor Para Você”, os valores são:
2,5 mg: R$ 1.406,75 (online) / R$ 1.506,76 (loja física)
5 mg: R$ 1.759,64 (online) / R$ 1.859,65 (loja física)
Fora do programa, os preços variam conforme o ICMS de cada Estado. Com alíquota de 18%, o teto é:
2,5 mg: R$ 1.907,29
5 mg: R$ 2.384,34
Receita e controle
A Anvisa determinou ainda, em abril, a obrigatoriedade da retenção da receita médica para compra de medicamentos dessa classe, como forma de coibir o uso indiscriminado. A medida começa a valer neste mês de junho e acompanha a classificação com tarja vermelha, que indica a necessidade de prescrição médica por conta dos riscos intermediários de efeitos adversos.
Ver todos os comentários | 0 |